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quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

1- PASSAGEM DE CONSELHEIRO EM ITAPICURU


Segundo a tradição chegou ao Itapicuru numa terça-feira, dia de Santo Antônio, com seus acompanhantes, arranchando-se numa casa de nome Miguelzinho. Começaram as rezas do terço no fim da tarde e o ofício de Nossa Senhora na madrugada. A cantoria a altas horas, desagradou a população da Vila, surgindo reclamações que foram apresentadas ao delegado, Boaventura da Silva Caldas, “seu Boa,” como era conhecido, que estava numa das suas propriedades no dia da chegada do Conselheiro e seu séquito.
Procurou entrar em entendimento com o grupo, sem alcançar bom êxito. Continuou, entretanto as orações e aumentando o número de participantes. Se de um lado o delegado condenava os excessos do grupo, o vigário Cônego Agripino, apoiava o Conselheiro, criticando do púlpito a atitude do delegado, mandando silenciar os rezadores.
   Segundo Euclides da Cunha a trajetória de Conselheiro em áreas nordestinas, cita a Vila de Itapicuru e sobre a fundação do Arraial de Bom Jesus, hoje a cidade de Crisópolis. Nessa região encontrou o líder carismático ambiente propício à sua pregação onde permaneceu por longos anos, até que preso em Itapicuru e conduzido à capital baiana, sendo posteriormente enviado ao Ceará de onde regressou mais tarde internando-se novamente nos sertões desse Estado onde prossegue na sua obra missionária, sempre imbuído dos mesmos propósitos que o conduziram a fazer pregações, a orar, a construir cemitérios, a verberar contra a República e o casamento civil, enfim a cumprir os objetivos a que se propôs, ao colocar-se ao lado dos pobres necessitados.
O relacionamento do Cônego, permitia que o Conselheiro fosse padrinho, em diversos batizados, tendo em vista inúmeros registros nos livros de batismo da freguesia.
      
De acordo com o blog História Viva da professora Suzete Silva, do município de Itapicuru,  nos livros paroquiais da Freguesia de Nossa Senhora de Nazaré do Itapicuru de Cima, visando relacionar as oportunidades em que Conselheiro apareceu como padrinho ou testemunha, obtive os seguintes dados:
ANOS ______________ BATIZADOS
1880___________________05
1884___________________07
1885___________________02
1886___________________10
1887___________________02
1890___________________14
1891___________________45
1892___________________07
Total: _________________92

Segundo a professora Consuelo Pondé, entre os anos de 1880 a 1892 Conselheiro tornou-se padrinho de 92 crianças, sendo que 40 delas,  tem por madrinha Nossa Senhora. Ela também enfatiza que a permanência do Conselheiro no Itapicuru “é um episódio memorável de religiosidade popular”.

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