A leitura de “O Barão de Jeremoabo e a política do seu
tempo”, levará o leitor a parafrasear o historiador Wanderley Pinho, podendo
acrescentar a frase “Era assim o Recôncavo”, o “Era assim o Sertão”. O Sertão
de Antônio Conselheiro, que encontrou na figura do barão de Jeremoabo um dos
seus maiores combatentes. Canudos foi uma preocupação constante para Jeremoabo,
que via os trabalhadores de suas fazendas se deslocarem para o arraial do Belo
Monte.
O meio de transporte da família dos senhores de engenho
é retratado: o carro de bois coberto, com duas janelas e porta, se assemelhando
com uma carruagem, que transportava a família da estação de trem do Barracão,
atual Rio Real, até o engenho Camuciatá. A culinária nordestina, misturada com
a tradição dos doces portugueses, vislumbrada na relação dos itens que compunha
a adega do barão. A moda vinda de Paris, desfilando nas veredas do Sertão. As
festas na Casa-Grande e nas senzalas. Tudo isto está descrito no último
capítulo do trabalho.
Aspectos da economia açucareira são abordados, em
conjunto com o problema da mão de obra escrava, extinta em 1888. Nos anexos do
trabalho são transcritas 21 cartas, escritas pelo barão de Jeremoabo a José
Gonçalves da Silva e vice-versa, sendo que a primeira datada de 1 de setembro
de 1865 e a última de 8 de outubro de 1902. Todas elas seguidas de notas
explicativas a respeito dos assuntos abordados. Também constam da obra 147 biografias de personalidades
do século XIX e da primeira República. Além delas podemos encontrar a história
de 35 municípios do Sertão da Bahia e Recôncavo, desde a sua fundação até os
principais acontecimentos de sua história. Engenhos e fazendas são também
citados.
Diversos documentos inéditos são transcritos, como
manifestos políticos e circulares que dão conta da efervescência política dos
últimos anos do reinado de D. Pedro II e a reestruturação política da República
da Espada. No último anexo da obra encontra-se a genealogia do barão de
Jeremoabo, constando sua ascendência que provém do século XVIII.
Contém, também farto material iconográfico. 62
fotografias, do arquivo do barão, retratando familiares, engenhos, cidades do
interior, encontros políticos, festas religiosas, mobiliário, arte-sacra, até
as senzalas dos escravos e os vaqueiros encourados.
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